Achei este artigo da Activa muito interessante:
Perceber o que é que está por trás de uma recusa ou de uma insistência em vez de um castigo que na maioria das vezes não resolve nada.
Ficam algumas ideias para os perceber melhor:
1 - Prevenir - Se já sabe que ele se enerva no hipermercado, deixe-o com a avó quando for fazer as compras do mês. Se tiver mesmo de o levar, não se ponha a dar ideias. Se disser: "Ó João Pedro, eu já sei que tu fazes sempre uma fita quando aqui entramos", imagine lá o que ele vai fazer a seguir? O melhor é nem mencionar o assunto.
2 - Perceber - Nada acontece sem razão. Há birras de sono, de fome, de cansaço, de aborrecimento e simplesmente de fase... Se souber que as birras são uma fase, que vai passar e que é importante não ceder para que não se prolonguem para lá da idade delas, é muito mais fácil não perder a calma. Por isso já sabe: quando o vir a espernear no corredor dos 'Action Men', repita para si própria: "Vai passar, vai passar, vai passar".
3 - Negoceie - Se possível, com antecedência: não lhe dá o castelo da Barbie mas dá-lhe uma coisa mais pequenina à escolha dela, por exemplo. Em vez de lhe exigir que deixe o parque imediatamente porque o pai coitado já está farto de jogar futebol, dê-lhe mais três chutos à baliza antes de se irem embora. Com as crianças passa-se o mesmo que com as Cimeiras Mundiais: é preferível chegar a um acordo em vez de partir logo para a autoridade. Uma educação baseada na autoridade pode funcionar enquanto eles são pequenos e mais fracos, mas começa a abrir fendas quando eles se tornam adolescentes.
4 - Explicar - Mesmo quando acha que eles não vão perceber, explique sempre. Eles percebem sempre muito mais do que a gente pensa. Claro que não vale a pena pôr-se com grandes discursos com um bebé de dois anos, mas mesmo que ache que não vai adiantar, explique. Claro que o facto de eles saberem que têm de ir para casa porque são horas de jantar, não os aquece nem arrefece e parece-lhes uma razão idiota, mas o facto de saberem que há uma razão, mesmo que não a percebam, tira aquela ideia de que a mãe está a fazer aquilo só para mostrar que manda.
5 - Demonstrar - "Olha, não se bate no cão. Faz antes uma festa, assim." Às vezes, eles não fazem não é porque não querem, é porque não sabem como. Mostre.
6 - Dispersar - Se a guerra já estalou e é daquelas com fogo de artifício e efeitos especiais de gritos e pontapés, só há uma coisa a fazer: sente-se e espere. Quando a intensidade já tiver diminuído, é sempre efectivo atacar com um: "Olha, queres vir ali ver o que é que se passa no corredor das pranchas de surf?"
7 - Redireccione - Ele está zangado e bate no irmão? 'Não se pode bater' é uma regra que é importante manter, mas em vez de o reprimir ajude-o a descarregar a sua fúria: pode dar pontapés na bola, bater no urso ou simplesmente ir dar uma volta a correr.
8 - Compadecer-se - O nível de paciência que se tem aos 3 anos não é o mesmo que se tem aos 33. Se está com ele num café ou restaurante, levante-se e leve-o a apanhar ar e a ver outras coisas, nem que sejam os carros do parque de estacionamento.
9 - Persistir - Lá porque é fase, não caia na tentação de ceder, senão arrisca-se a que a 'fase' dure até aos 45 anos. Se não há razão nenhuma para lhe dar um chocolate ou um brinquedo, não dê. É um favor que lhe está a fazer: crianças que se habituam a ter tudo não aprendem a esperar, a resistir à frustração e a domar as suas fúrias.
10 - Afastar-se - Pô-lo num quarto sozinho nunca funciona. Se há mais crianças e mais gente, pode afastá-lo do 'local do crime', mas fique com ele enquanto ele se acalma. Deixe o sermão para outra altura: depois de passada a tempestade, não recrimine e não fale mais disso. Voltem à brincadeira.
11 - Ser esperta - Às vezes, a imaginação é tudo. Faça a experiência. Imagine que ele deixou cair uma data de Legos ao chão. Se disser: "Tiago Miguel apanha-me imediatamente esses Legos" que resultados vai ter? Zero. Se disser: "Vamos ver quem apanha primeiro estes Legos" vai ver a velocidade a que são arrumados...
12 - Rir - Não é o riso-sarcasmo, tipo: "sim senhor, mas que rico irmão que tu me saiste." Nunca use a ironia com as crianças. Mas se a birra ainda não estalou, às vezes dá para desanuviar as nuvens: se ela está de sobrolho franzido, por exemplo, leve-a a um espelho e diga: "olha lá a tua cara". Os rapazes são mais concentrados na birra e não costumam achar graça a estas dispersões, mas as meninas geralmente desatam a rir.
Há coisas em que não pode mesmo ceder: deixá-lo ir no carro sem cinto ou atravessar a rua sem lhe dar a mão. Mas às vezes, ele até pode ter razão.
- A guerra da comida - Não quer comer? Não come. Tão simples como isso. Nunca o leve à janela ou lhe conte histórias enquanto ele come. Uma refeição é uma refeição. Se não lhe apetece é porque não precisa, e nenhuma criança com comida na mesa passa fome. Come melhor ao jantar. Mas depois não ande a enchê-lo de bolachinhas a tarde toda, não é...
- A guerra do beijinho - Não se obriga uma criança a beijar ninguém, porque isso é passar-lhe a mensagem cada vez mais perigosa de que outra pessoa é dona do corpo dela... Se der o exemplo cumprimentado os outros, ela há-de seguir, mais cedo ou mais tarde, e pode sempre ensiná-la a dizer 'olá', que é menos invasivo.
- A guerra do brinquedo - Querem os dois o mesmo carrinho? Não fica para ninguém. É o mais prático. Ou consegue que brinquem à vez (complicado) ou leva-os para outro cenário.
Texto retirado de Activa Crianças
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